Onde esta a mídia?
Estamos praticamente na última semana do primeiro mês deste ano. Donald Trump, Michel Temer, Maurício Macri e diversas outras teorias da conspiração nos assola. A final de contas, por que estamos imersos numa espécie de gaiola de ratos, girando o nosso mundo sem aparentemente sairmos do lugar? Qual é o sentido disso tudo?
Queria começar o ano com um novo tema, falando de diferentes coisas e trazendo algo mais “positivo” para as pessoas. Sinceramente estou ligeiramente cansado com as notícias elaboradas por esta sociedade. Quando não é desgraça, é especulação. Será essa a nova dicotomia a ser enfrentada pelos meios de comunicação?
Há poucos meses tivemos uma nova eleição em nosso município, e as pessoas optaram pela mudança. Sabe o que é o mais paradoxal? Não quererem mudar nada, e soltarem uma imensa verborragia de insatisfações e acusações disparatadas com pouca, ou talvez quase nenhuma, fundamentação empírica.
Qual é a função da mídia? In-formar? Des-informar? Qual é a legitimidade de uma matéria quando há somente a manifestação e o ponto de vista de apenas um envolvido no caso? Muitos podem argumentar, mas se a outra parte não entrou em contato, ou não quis nos responder, divulguemos mesmo assim, já que demos a oportunidade para ambos. A questão aqui não é voltarmos à ditadura militar e a censura, mas sim tentarmos ser éticos perante os demais, e não moralistas.
Ética é o conjunto de valores que norteiam o comportamento coletivo. Moral, é a leitura que determinado indivíduo faz da ética, moldando-a aos seus próprios interesses, segundo sua própria leitura. Isso significa então que a moral deve ser apagada e perseguida? Não, claro que não. O que estou querendo dizer, é que se quisermos moldar determinada informação segundo o nosso próprio ego (eu), o alter (outro) não será respeitado.
Guy Debord, autor do livro “A Sociedade do Espetáculo”, já havia apontado o ethos do nosso tempo: nos alienarmos através de imagens espetacularizadas. Tudo é entretenimento e diversão, só que a premissa egocêntrica é a mesma: o que não é espelho, não agrada a Narciso. É a política do pão e circo atualizada, que em alguns casos se transforma na figura do palhaço lança-chamas.
Sabemos que a grande mídia no Brasil foi uma das principais articuladoras do golpe institucional aplicado à Dilma Rousseff no ano passado. Qual foi o resultado disso? Austeridade e desmonte do pequeno Estado de Bem Estar Social que estava a engatinhar após as torturas e paus-de-arara que ditaram as normas entre 1964 e 1985. Tivemos mais de quatro golpes na história do Brasil! Quando damos ouvidos apenas para um único lado, o risco é que o tiro saia pela culatra. Um monossílabo não forma uma frase. O risco do monólogo é perder-se o diálogo. Assim todos saem perdendo! Onde esta a mídia?
