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Muita cachaça, pouca fé, só pragas…

Muita cachaça, pouca fé, só pragas…

Não me ofendeu minimamente a piada do Papa sobre o Brasil. Não é mentira nenhuma, não é piada nenhuma, é uma triste realidade. O povo brasileiro ama falar que é religioso, que a fé habita em seus corações, mas no dia a dia a verdade é completamente diferente.

Acredito que o Brasil está a sofrer algo parecido com as pragas infligidas pelo Deus de Israel sobre o Egito, em virtude da recusa do Faraó em libertar o povo de Israel.

O Brasil está a pagar por algo que cometeu no passado, é impossível tudo que está acontecendo.

Hoje ficamos sabendo que o Brasil aceitou receber em junho a Copa América. Só um louco, ou loucos com poder de decisão, aceitariam receber um evento onde o trânsito de pessoas será imenso, quando ainda nem metade da população está vacinada e quando temos muitas variantes do vírus aparecendo. A catástrofe que assola o Brasil será maior ainda com tal evento, exatamente igual ao retorno às aulas em Ourinhos.

Vimos também este final de semana um povo cansado de tanta tortura, de tanto ser maltratado. Um governo a fazer pior que um vírus, um povo que foi para a rua correndo risco de vida maior. Todos de máscara, contrariamente às manifestações a favor do governo. Mas a meu ver errada a manifestação. Acredito que o cansaço tenha falado mais alto, mas defendo que ainda não é o momento, o vírus continua aí, a vacinação caminha a passos de caracol, o que torna difícil a imunização da população.

Não tenho mais palavras para relatar o momento que vivemos. Já fui vacinado e sinto um vazio dentro de mim fruto das vítimas que não tiveram a mesma chance que eu, que foram acometidas por este trágico vírus ou que ainda não foram vacinadas. Ser vacinado não significa que vai ficar tudo bem, que somos imortais, mas pelo menos sabemos que podemos atravessar o deserto de uma forma mais relaxada, sabendo que podemos pegar com sintomas mais leves, em que sabemos que o risco será menor. Mas o pior é ver a aplicação de vacinas de forma selecionada, chegamos ao ponto em que não definimos quem vive, mas antes quem morre. Nunca pensei assistir a tal atrocidade em pleno séc. XXI.

Na crônica desta semana, optei por escrever pouco, sem muitas críticas porque acredito que está na hora de dar uma guinada nos nossos pensamentos, caso contrário seremos consumidos pela depressão, pela incapacidade de raciocinar. Vivemos de uma forma estranha há 15 meses, não é o filme “O Náufrago” mas quase, acredito que muitas pessoas estão com o psicológico totalmente abalado, se sentem completamente perdidas, sem reação para nada, sem capacidade de responder a baboseiras que assistimos diariamente. Faz lembrar a CPI da Covid. Assistir os Senadores que apoiam o governo, que tentam explicar coisas que, por vezes, me sinto em Marte, não estou no planeta Terra. Defender o indefensável é de louvar, porque nem eu acredito que eles confiam no que estão falando. A única coisa que acredito que estão fazendo é sobreviver no mundo da política, dando voz a cada menos pessoas lunáticas e desprovidas de cérebro. Como alguém chega numa CPI e fala que Cloroquina é um antiviral, só conversa para asno escutar, porque ainda bem que temos médicos na CPI que facilmente desmentem tais afirmações.

Pior que, a meu ver, o púlpito da CPI virou um lugar de sujeitos alienados que falam para seus seguidores reproduzirem nas redes sociais teorias que nem sei como tem gente que acredita nas mesmas. São teorias tão loucas, tão vazias de raciocínio que me custa entender como tem apoiadores.

Deixo-vos com a frase de Autran Dourado: “ Veja tudo, de vários ângulos e sinta, não sossegue nunca o olho, siga o exemplo do rio que está sempre indo, mesmo parado vai mudando.”.

Pedro Saldida

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