Forma de administrar Ourinhos tem que ser modernizada, diz pré-candidato Mário Ferreira
Esta semana, o Contratempo entrevistou o pré-candidato a prefeito Mário Ferreira (PT) que contou um pouco sobre sua origem e formação profissional, e também colocou quais suas principais propostas para o desenvolvimento da cidade, caso seja eleito.
Filho de pai lavrador e mãe costureira, Mário nasceu no Bairro da Prata entre Jacarezinho e Santo Antonio da Platina e morou em sítio até os 14 anos. Já adulto, começou a trabalhar como gráfico e fez curso técnico de Contabilidade, trabalhou por anos nesta área. Posteriormente se formou em Ciências Biológicas e Farmácia Bioquímica, se especializando na área de laboratório clínico, exercendo a profissão desde 1980. Após se tornar diretor de laboratório, fez curso de Gestão de Empresas, foi secretário de Saúde de Bernardino de Campos durante seis anos e atualmente é responsável pelo Laboratório Santa Paula. Iniciou sua militância política nos anos 70, fazendo parte do MDB, participando ativamente da luta pela redemocratização do Brasil. No início dos anos 2000 se filiou ao PT, sendo hoje o presidente do diretório municipal do partido em Ourinhos.
Durante a entrevista, Ferreira fez críticas à maneira utilizada pelos dois grupos políticos da cidade na administração de Ourinhos, que segundo ele, usam práticas antigas e superadas e revelou propostas que pretende implantar caso seja eleito em 02 de outubro.
Segundo o pré-candidato do PT, um dos pilares desta mudança tem que se dar na relação entre os poderes Executivo e Legislativo. “É preciso acabar com a relação fisiológica entre a prefeitura e os vereadores. Considero que o papel do Legislativo é de fundamental importância, fiscalizando o Executivo e fazendo as leis. Tem que cobrar do Executivo que sua gestão seja eficaz”, critica.
Já em relação às mudanças que realizará caso seja eleito, o pré-candidato do PT defendeu uma mudança na forma de atuação das secretarias. “É preciso mudar a forma de atuar das secretarias, cada uma trabalhando de forma independente, o que é menos eficaz e traz mais gastos a administração. Se eleito, farei programas de ação conjunta com metas definidas, que integre todas as secretarias. O primeiro deles seria o programa municipal de combate ao desperdício, pois nós sabemos que os recursos do município são escassos, por isso, integrando as secretarias irei economizar em materiais e combustível, dentre outras coisas. O segundo ponto é a redução dos cargos de confiança que sabemos que hoje existem em número excessivo, em comparação com municípios do mesmo porte. Não tenho nada contra os que ali trabalham, mas é preciso compreender que o município não tem recurso para isso, pois onera demais a folha de pagamento e compromete o investimento no setor de infraestrutura do município, que acaba ficando dependente de verbas de emendas parlamentares para realizar obras que deveriam ser feitas com recursos próprios”, argumenta.
Outra questão que deve ser atacada segundo Ferreira, é a iluminação pública da cidade, que a seu ver é arcaica. “Nós estamos na era do Led e aqui em Ourinhos, a grande maioria das lâmpadas ainda é incandescente que gasta muito mais energia. Outro ponto são os contratos de serviços como locação, terceirizados, é preciso que tudo seja feita de forma transparente, quem é o contratado, quanto custa o serviço, o que é feito, que dia, de que forma é feita, para se saber se há eficácia nestes tipos de serviços prestados ao município e se o custo é proporcional ao serviço realizado e a população tem que ter acesso a estas informações”, explica.
Programa de Desenvolvimento Humano
O segundo programa defendido pelo pré-candidato do PT é o programa municipal de desenvolvimento humano. “Este programa municipal integrará as secretarias de Saúde, Educação, Esporte, Cultura e Meio Ambiente, para ser implementado nos bairros da cidade, usando os espaços públicos que já temos, como as escolas, os postos de saúde, os CRASs, levando a todas regiões da cidade, o esporte, a cultura, priorizando os grupos e segmentos da sociedade mais vulneráveis, que tem menos acesso a estes benefícios. Em segundo lugar, as crianças, por meio das creches, que aliás, através do programa do governo federal, o PT trouxe a cidade três supercreches, com uma estrutura diferenciada das creches públicas, com espaço físico adequado. Outro ponto deste programa será a geração de empregos nos bairros, porque muito se fala em cursos de capacitação para dar qualificação profissional, mas é preciso gerar empregos, para aqueles que não possuem qualificação profissional, criando cooperativa de trabalho, com estímulo da prefeitura, que pode contratar serviços destas cooperativas, gerando empregos. Outra função da cooperativa seria para implantação de um programa que utilize os terrenos abandonadas que acabam se tornando locais de proliferação de doenças como a dengue, para plantar alimentos, criando um plano de agricultura familiar urbana, que irá gerar renda para muitas famílias, que irão plantar e comercializar estes produtos e ao mesmo tempo deixaremos de ter o problema destes terrenos abandonados, trazendo benefício também para os próprios donos que não teriam mais que se preocupar em manter esses terrenos, caso os cedesse para realizar esta atividade, sem perder o direito a propriedade, fazendo um contrato de uso, que previsse sua entrega num prazo de 60 dias, caso o quisesse de volta para comercializá-lo ou para seu próprio uso ”, explicou.
Ferreira apontou ainda a necessidade de criar linhas de microcrédito para os pequenos comerciantes e empreendedores para que tenham condições de montar seu negócio no próprio bairro. “Por exemplo, um vendedor de cachorro quente, que às vezes não tem condições de comprar seu carrinho de cachorro quente ou fazer uma barraquinha no seu bairro. Se esses pequenos comerciantes se estabelecerem ali, irão gerar renda dentro do próprio bairro e isso é bom até para os comerciantes do local, pois se gerando mais renda, se aumenta o consumo na região também. Outra coisa que temos que fazer é estimular a compra de materiais de construção e de todos os produtos nas lojas da cidade e não nas cidades da região, como as vezes acontece”, frisou.
Por fim, o pré-candidato defendeu também o funcionamento efetivo das diversas comissões municipais, como a Saúde, Educação e Assistência Social, onde as entidades possam apontar os investimentos necessários. “Além das comissões, também devemos implementar o orçamento participativo mais amplo, abrindo a discussão para que a população possa opinar não apenas onde deve ser investido, mas também nas despesas correntes do município, ou seja, definir qual gasto deve ser feito ou não, nas diferentes áreas da administração”, concluiu.
Propostas para Saúde
Um dos principais problemas apontados pela população ourinhense é a Saúde, o que segundo Mário Ferreira, é uma questão complexa, mas que envolve uma mudança de cultura. “Nosso modelo de Saúde é puramente assistencialista, para tratar as doenças, e por isso nós temos que investir fortemente na medicina preventiva, fortalecendo os programas de hipertensão, vacinação, diabetes e, sobretudo a atenção básica, para que as pessoas possam resolver os problemas de saúde nos postos de saúde nos bairros, desafogando o atendimento na UPA. Para isso, uma das ideias que devemos discutir com a população, é implantar prontos atendimentos regionais como, por exemplo, no posto de saúde da Cohab, estendendo o atendimento até as 22 h, pois está comprovado que o grande fluxo de pronto- atendimento é até as 10 da noite, mas para isso, é preciso recurso e mais funcionários, pois para a Saúde funcionar bem não adianta construir postos e sim ter uma estrutura adequada para o diagnóstico e um bom atendimento a população”, ressaltou.