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“A Grande Festa”, crônica de Jair Vivan Jr.

“A Grande Festa”, crônica de Jair Vivan Jr.

Chegava o dia da grande festa do 1° de maio, talvez a melhor do calendário, todos devidamente preparados para lotar o caminhão que nos levaria ao local do evento, amigos, primos, vizinhos e as mulheres adultas, os homens iam nos parcos automóveis existentes, bebendo e aquecendo para as partidas de jogos de baralho que rolaria dia adentro no salão da Diacui, regadas com muita birita.

As mulheres se acomodavam em pic nic, no bosque ensaibrado ladeado pela pista de bocha, o campo de footbol, o rio Paranapanema, e a pontinha que limitava a área social, a parte da manhã era livre, dividia o dia com a liberação do grande churrasco coletivo no espeto de bambu, assado na enorme churrasqueira improvisada com tijolos.

 

Pic nic no Diacuí – Foto Francisco de Almeida Lopes

A programação da tarde era preenchida pelos jogos e gincanas, como por exemplo, vendar uma pessoa e carrega-la em movimento circular em um carrinho de mão segurando um porrete, com o objetivo de acertar uma moringa pendurada e cheia de água, correr equilibrando um ovo em uma colher, corrida do saco e tal, assim seguíamos na maior festa.

Mas pouco sabíamos desta data, enfim o que comemorávamos tanto? Não era dia santo nem data cívica, que por determinação das entidades tínhamos que saber com seus hinos e detalhes.

Diacuí anos 60

Alguns achavam que era uma homenagem a São José, outros acreditavam ser um feriado inventado pelo patrão para oferecer churrasco aos empregados, enfim ninguém sabia ao certo.

Talvez por não ser diretamente parte de nossa história ou até mesmo por interesses ideológicos, não constasse em nossos livros escolares e enciclopédias, levando em conta que nossos canais para comunicações e informações eram precários.

No dia 1º de maio de 1886, 30 mil trabalhadores foram às ruas na cidade de Chicago (EUA) para reivindicar melhores condições de trabalho

Só mais tarde fiquei sabendo que tudo começou com o trágico acontecimento em Chicago que culminou com a morte de mais de 100 pessoas, a prisão de mais de uma dezena e alguns pagaram com pena de morte, quando da repressão policial a um movimento trabalhista em 4 de Maio de 1886, em passeatas que haviam começado no dia primeiro e tinham como principal reivindicação a redução da jornada de trabalho que chegava até a 16 horas diárias, para 8 horas.

No final do século XIX, o 1° de Maio ficou estabelecido como dia internacional do trabalho por ser uma data já tradicional de manifestações. Feriado respeitado por cerca de oitenta países, em boa parte do mundo marcado por passeatas e passou a ser considerado como o dia de luta pelas classes trabalhadoras. E a gente lá, festando…

JVivanjr.

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