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Coluna Os Antípodas: Como ser mais sustentável? – Geração de lixo e excreta

Coluna Os Antípodas: Como ser mais sustentável? – Geração de lixo e excreta

Alan Mortean

A preparação do alimento produz resíduos orgânicos, e o seu consumo produz urina e fezes.

Neste texto falaremos sobre temas pouco discutidos, mas presentes diariamente em nossas
vidas: a Geração de Resíduos e Excrementos.

Nos ecossistemas terrestres, não existe o conceito de lixo como algo sujo e sem utilidade; lixo
é um termo inventado exclusivamente para nós, humanos. Para todas as outras 7 milhões de
espécies do planeta Terra, a regra é: o que é resíduo para um ser, é matéria prima para outros
seres.

Neste sentido atua o saneamento sustentável, ou mais especificamente o saneamento
ecológico, que, com uma visão holística, recupera os nutrientes contidos em nossas águas e
excreta: água de chuva, água cinza, resíduos sólidos, urina e fezes.

A água de chuva que cai num telhado pode ser captada, armazenada e reaproveitada.
Dependendo do consumo de água e da quantidade de chuvas do lugar, a água de chuva pode
substituir totalmente outras fontes de água para abastecer casas, pois pode ser consumida
depois de passar por alguns filtros.

Sistema de captação de água de chuva instalado num escritório no México.

Água cinza é um termo geral para a água que não tem contaminação fecal, como a água da pia
e da máquina de lavar roupa. Uma vez tratada, em filtros biológicos que podem fazer parte do
paisagismo local, poderá ser reutilizada para regar plantas.

Sistema de tratamento de águas cinzas utilizando plantas, no México.

“Lixo é uma matéria prima fora do lugar”. Com esta visão, os resíduos sólidos (que chamamos
lixo) gerados em uma habitação podem ser separados em compostáveis, recicláveis e rejeitos,
e, posteriormente, lhes damos um tratamento e/ou destinação final ambientalmente
adequados.

*A destinação final ambientalmente adequada, segundo a Política nacional de Resíduos
Sólidos se dá quando o rejeito é destinado a um aterro sanitário, uma obra de engenharia
planejada e calculada especialmente para isso. Se não houver aterro sanitário, aceita-se o
aterro controlado, que é o caso de Ourinhos-SP. No ano de 2010, quando terminava minha
graduação em engenharia ambiental, fiz um estágio no setor de resíduos sólidos de Ourinhos,
e o que vi de bom na cooperativa de catadores de materiais recicláveis, vi de ruim na gestão
do aterro controlado, com os responsáveis sem capacitação e com um chefe que não queria
trabalhar. O resultado era um grande perigo de contaminação da água local, e risco de morte
para os aviadores que usavam o aeroporto de Ourinhos, por causa da quantidade de urubus
que havia no aterro controlado. Refletindo agora, a situação era bem triste, pois o salário dos
responsáveis não era nada pequeno…

Para o tratamento seguro de urina e fezes, podem-se utilizar sanitários secos, como o Bason
(desenvolvido por Johan van Lengen), o banheirárvore (desenvolvido por Peter Morgan) ou o
banheiro balde, que transformam naturalmente os dejetos humanos em adubo orgânico fértil
e livre de patogênicos, sem o uso de água e, portanto, não a contaminando. Para quem deseja
usar sanitários convencionais com água, uma das opções é o tanque de evapotranspiração
(TEVAP), que transforma esgoto em bananas.

 

Banheiro balde: seguro, higiênico, simples, não utiliza água, não contamina o meio ambiente, e

gera um adubo natural de excelente qualidade.

Nosso próximo tema será a compostagem. Com ela trataremos nossos resíduos orgânicos e
nossas excretas.
Quer saber mais sobre essas tecnologias? Contate-nos em www.osantipodas.com

 

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