Privatização da SAE – Que interesses ocultos motivam a concessão ?
O edital de licitação que concede o serviço de esgotamento sanitário e de água do município foi publicado Diário Oficial, esse é o último passo no processo de concessão que irá extinguir a Superintendência de Água e Esgoto (SAE) em leilão na Bolsa de Valores no dia 24 de fevereiro de 2024 pela bagatela de 10 milhões.
A sanha privatista do prefeito Lucas Pocay é vista com muita desconfiança por pessoas atentas a essa proposta de concessão do serviço, a falta de transparência e esclarecimentos quanto a necessidade de entregar o ativo público construído com o dinheiro dos impostos pago pela população ao longo de décadas é patente.
Hábil para induzir, moldar e conduzir a opinião pública o prefeito “influenciador” de redes sociais, não deixou explicitamente claro para a população o quão ”vantajoso” será para o município e seus moradores a privatização do serviço.
Cidades onde a privatização foi efetivada há deficiência na prestação do serviço de abastecimento e o encarecimento das contas pagas pelos consumidores. A concessão do serviço em Ourinhos representa o detrimento do interesse público e favorecimento do lucro, o principal objetivo de qualquer empresa privada.
O município tem sérios problemas saneamento relativos principalmente ao não tratamento de esgoto despejados nos rios Pardo e Paranapanema. Desde de 2008, o Ministério Público e órgão de fiscalização ambientais cobram a construção de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). A qualidade do serviço de captação, tratamento e fornecimento de água na cidade feito a contento pela SAE por décadas, não justifica a extinção da autarquia superavitária e sua privatização por 35 anos.
Dissimulação
A intenção de Lucas Pocay de levar exploração desse serviço a iniciativa privada vem desde o início do primeiro mandato, intenção essa dissimulada desde que assumiu a prefeitura. Foram muitas as declarações do prefeito garantindo que a autarquia jamais iria ser privatizada.
No entanto, quando assumiu a prefeitura em 2017 Pocay tinha à mão um financiamento liberado junto a Caixa Econômica Federal no valor de 18 milhões para construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Rio Pardo.
Todo o processo do empréstimo junto a Caixa, foi feito pela ex prefeita Belkis Fernandes e o ex superintendente da SAE à época Haroldo Maranho que conseguiram a liberação do financiamento . Só faltava promover a licitação pública para contratar a empresa que se encarregaria da obra, no entanto Belkis perdeu a eleição para Pocay e o novo prefeito inexplicavelmente abandonou o financiamento autorizado.
Dois anos depois de assumir a prefeitura, setembro de 2019 Pocay segue ignorando o financiamento público liberado e faz a Superintendência se movimentar para lançar um PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse), que tinha como objetivo firmar parceriascom empresas privadas para a implantação das ETE,s na cidade.
Não houve interessados na PMI e Lucas Pocay seguiu protelando a solução para o problema por sete anos até que, contrariando tudo que disse sobre preservar a SAE, está levando a cabo a entrega do património público dos ourinhenses de maneira obscura se valendo do desinteresse da população nos destinos da cidade.
Há que se considerar que falta de interesse e participação popular na discussão sobre a concessão favoreceu sobremaneira a condução desse processo privatista de forma direcionada com audiências públicas manipuladas feitas a toque de caixa com a complacência e mediocridade de 12 vereadores do toma lá da cá que não fiscalizam nada, só dizem amém.
Envolta em total a ausência de debate e avaliações, seja entre setores da sociedade civil, com a população em geral e principalmente entre os vereadores apoiadores do prefeito que abriram mão de fiscalizar os atos de Lucas Pocay, os munícipes estão alheios de informações claras sobre os impactos financeiros da concessão para a população e os cofres públicos.
Recentemente Pocay mais uma vez desprezou a oportunidade de solucionar os problemas do saneamento, sem concessão, ao ignorar as facilidades e vantagens oferecidas pelo Governo Federal para que o município através do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pudesse investir pesado na infraestrutura de esgotamento sanitário, resíduos sólidos e abastecimento de água de Ourinhos sem sacrificar a Autarquia.
Fica a dúvida. Que interesses ocultos estão por trás da privatização da SAE ? Do estrito interesse público já está claro que não é.