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Artigo: “Semana Santa, Ramadan e Pessach” Por Pedro Saldida

Artigo: “Semana Santa, Ramadan e Pessach” Por Pedro Saldida

Caminhamos a passos largos para o mês de Abril e nestes dois meses encontramos muitas festividades em várias religiões; sendo o Brasil um Estado Laico senti que deveria falar um pouco de algumas religiões e não somente da Católica.

Na tradição Cristã temos a semana santa, os sete dias que antecipam a celebração da Páscoa, onde se comemora a ressureição de Cristo; esta semana marca as últimas ações de Jesus Cristo que foi recebido em euforia em Jerusalém, onde expulsaram os vendilhões do Templo e realizou a Última Ceia com seus Discípulos. Na Quinta-Feira Santa Jesus é preso, julgado e condenado, além de torturado, sendo morto na Sexta-Feira Santa; ressuscitou no Domingo de Páscoa. Na tradição Cristã oriental a Semana Santa se inicia no Sábado de Lázaro momento em que Jesus ressuscitou Lázaro.

Considera-se também a Semana Santa como Tríduo Pascal uma vez que marca a celebração de três dias, Quinta, Sexta e Sábado de Aleluia.

O Ramadan, ou Ramadã em Português, é o nome dado ao nono mês do ano da Religião Islâmica, com início em 10 de Março e término em 8 de Abril; Se chama Ramadan porque segundo o Islamismo foi o mês em que Allah revelou o livro sagrado, o Alcorão. Não se trata somente de um período de jejum, é um mês que serve para reflexão, balanço e aproximação com Allah e com as pessoas que estão à sua volta; no fundo é uma tentativa de busca das suas melhores versões; é uma tentativa de deixar de lado tudo que é ruim. O Islamismo é a segunda maior Religião do Mundo; Surgiu na Península Arábica no início do Séc. VII por Maomé em Português, mas em Árabe Muhammad; Islam significa submissão e deriva da palavra Salam, que significa paz.

O Islamismo, tal como o Judaísmo e o Cristianismo, é uma religião monoteísta, isto é, acredita na existência de apenas um Deus.

No Judaísmo dia 13 de Abril é celebrado a Pessach, mais conhecida como festa da libertação, que marca a libertação dos Hebreus da escravidão no Egito; O Judaísmo, religião monoteísta como já referi, é uma religião praticada por milhões de pessoas no Mundo, sendo uma das mais antigas é considerada influenciadora do Cristianismo e do Islamismo; foi uma das primeiras religiões a adorar e cultuar um único Deus, Javé ou Jeová. O Judaísmo é uma das três principais religiões abraâmicas, junto com o Cristianismo e o Islamismo; para as religiões abraâmicas Abraão é um dos principais profetas. Os Judeus acreditam que o Messias, descendente direto do Rei Davi um dia chegará a Israel para governar o povo Judeu e reconstruirá o Templo de Jerusalém, onde iniciará um período de prosperidade e paz para todo o povo Judeu.

No dia 6 de Abril o Hinduísmo celebra o nascimento de Rama, um avatar, ou seja uma manifestação corporal de um ser imortal de Vishnu, um dos Deuses principais do Hinduísmo; o Hinduísmo é uma das religiões mais antigas do Mundo, sendo atualmente a terceira maior religião do Mundo; é a principal religião na Índia e influencia a forma de pensar, de relacionamento humano, de se alimentar; é uma forma de vida e uma das suas principais crenças é a reencarnação, comummente ligada ao Karma do indivíduo. O Hinduísmo é um sistema moral e filosófico, é plural já que tem diferentes filosofias, rituais e crenças.

No dia 23 de Abril o Cristianismo Ortodoxo celebra a ressureição de Cristo; os Cristãos Ortodoxos espelham toda  a doutrina da fé cristã conforme o magistério da Igreja; se consideram a verdadeira igreja criada por Jesus Cristo; seu livro sagrado é a Bíblia, acreditam na Santíssima Trindade, na Virgem Maria e adoram Santos. Diferente dos Católicos Romanos, os Ortodoxos não acreditam  na existência do Purgatório, os padres podem casar e adotam o calendário Juliano, onde o Natal é celebrado no dia 7 de Janeiro.

No Espiritismo não se comemora a Páscoa, se bem que acata os preceitos do Evangelho de Jesus; procuram comemorar a Páscoa todos os dias de sua existência; a Páscoa é um momento de reflexão sobre todos os sacrifícios feitos por Jesus em nosso prol, é um exemplo de amor e resignação que Jesus deixou; acaba sendo uma oportunidade para compreender que a vida não se extingue no plano material e que há bem mais e muito mais do que os olhos enxergam. O Espiritismo não tem culto externo, não tem sacerdócio organizado, nem cerimónias de qualquer espécie; não há intermediários entre o sujeito e o Criador, podendo ser considerada inclusive uma religião Cósmica, onde impera o Amor e a caridade como Bem Maior.

Vos apresentei algumas religiões porque o Estado Brasileiro é Laico; ser Laico deveria significar que não se pode manifestar em assuntos religiosos, deveria garantir a liberdade religiosa e não pode nunca adotar uma religião oficial. Longe vão os tempos em que Monarcas solicitavam a divina bênção para justificar seus atos, suas ações; no Estado Laico não se veda a prática religiosa, as crenças e cultos de cada ser individual estão protegidas pela Constituição; a prática religiosa pertence à vida privada e nunca pode servir de medição para um agente público no exercício do seu dever.

Um Estado laico não pode em momento algum favorecer uma religião em detrimento de outra, deve respeitar todas as religiões. Perante estas justificativas vos afirmo alto e bom som que sou contra qualquer manifestação de uma religião manifestada por alguma entidade pública, seja em escolas, seja em órgãos do Poder Público; Se agradecerem a Deus deverão também agradecer a Allah, a Jeová, a Vishnu, à Virgem Maria e tantas outras Entidades adoradas por tantas outras religiões.

Termino, e fazendo jus às minhas palavras, deixo-vos com uma frase de Hermes, Deus Grego da comunicação, dos viajantes e dos ladrões:

“ A força sem sabedoria é como um rio sem leito”.

Pedro Saldida é servidor público e bacharel em administração

 

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