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Silêncio no botequim! Na crônica do jornalista João Teixeira

Silêncio no botequim! Na crônica do jornalista João Teixeira

 

Capa do disco Toquinho e Vinicius (RGE, 1971)

 Por João Teixeira

Anos 70. A cena desenrolou-se em um botequim na periferia de Ribeirão Preto.

Cansada da rotina de visitas ao agradável bar que havia na Cava do Bosque, nos arredores da cidade, a equipe de jornalistas do Jornal da Tarde (JT), este repórter, fotógrafo e motorista, decidiu procurar um botequim anônimo para espairecer no silêncio da madrugada.

A boêmia era hábito cultivado após a cobertura dos jogos do Campeonato Paulista, de Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Portuguesa, contra as fortes equipes do interior.

Instalamo-nos num botequim com poucos fregueses e fomos servidos pelo garçom meio atravessado.

Eis que, das brumas da madrugada, inesperadamente, quem adentra ao local?

Vinícius de Moraes, o poeta e cantor, acompanhado de Toquinho carregando seu violão!

A dupla fazia sucesso nas rádios do País cantando Tarde em Itapoan, Na Tonga da Milonga do Kabulete, e outros sucessos inesquecíveis.

_ Vinícius e Toquinho, aqui?, toquem pra gente _ alguns estudantes, entusiasmados, solicitaram á dupla de artistas.

Meio a contragosto, Vinícius e Toquinho, educamente, arrancaram seus primeiros acordes.

“Um velho calção de banho, o dia pra vadiar…” _ e foram interrompidos pelos gritos do garçom.

_ bagunça aqui não, vão tocar lá fora…

Os estudantes protestaram, São Vinícius e Toquinho…

_ Não quero nem saber quem é o careca nem o de bigode, pra fora os dois!

Rimos muito e acabamos a noite em silêncio.

 

João Edivaldo Teixeira, Jornalista e escritor há mais de 50 anos, formou-se em jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero em 1975, iniciou sua carreira como repórter esportivo e de Geral no Jornal da Tarde (Grupo Estado) Passou pelas redações dos principais jornais do País, Diário de São Paulo e Diário da Noite, O Globo, Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo. Editor da coletânea de contos Vício da Palavra (1977) e Mensageiros da Miscigenação, de Francisco Amaro Gurgel Filho (2013), Teixeira é colaborador e membro do Conselho Editorial do Jornal Contratempo.

 

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