Além do aeroporto, fazenda da família de Aécio recebeu obra da Cemig sem cobrança

Jornal GGN – Não foi apenas um aeroporto de R$ 14 milhões, construído com recursos públicos, que beneficiou a família de Aécio Neves (PSDB) quando este era governador de Minas Gerais. Em 2007, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) também realizou uma obra para cobrir algumas benfeitorias na fazenda que fica na cidade de Cláudio, ao custo de R$ 240 mil, e só recebeu o reembolso com correção monetária no mês passado, quando a imprensa descobriu o caso.

A informação foi revelada pela edição desta terça (9) da Folha de S. Paulo, com base em um documento assinado por Eduardo Ferreira, superintendente de auditoria interna da Cemig.

A auditoria trata da mudança de um traçado de linha de distribuição de energia chamada Cláudio/Carmópolis, em 2007. Essa mudança ocorreu após a fazenda da família de Aécio promover algumas melhorias em seu espaço que demandaram a renovação da linha de energia.

De acordo com a reportagem, o relatório da auditoria apresenta fotos das benfeitorias feitas ao longo de uma linha pré-existente pela Cemig, mas o jornal não publicou as imagens. Essa obra teria sido feita, segundo fonte ouvida pelo jornal, a pedido do então presidente da estatal, um aliado de Aécio.

“Verifica-se que as benfeitorias foram construídas embaixo da LD [linha de distribuição] original. A prática da Cemig estabelece que, no caso da necessidade de desvio para restabelecer segurança do local, prejudicada devido a interferência do consumidor, este deve arcar com os custos da obra”, diz a Cemig.

A família de Aécio sequer foi cobrada pela obra. “Após a realização de apurações detalhadas e do levantamento de toda a documentação, foi averiguada pela auditoria uma falha de procedimento nessa obra, pois os proprietários não chegaram a ser cobrados pelo seu valor, apesar de serem responsáveis pela execução do desvio.”

Quem presidia a Cemig na época da obra era Djalma Morais. “O responsável pela aprovação do estudo de viabilidade, Wellington Soares, disse aos auditores que orientou o projetista a não atribuir os custos aos donos do terreno “seguindo demanda que teria recebido de seu superior” –mas sem dar detalhes”, publicou o jornal.

Quando o PT assumiu o governo de Minas, a obra foi cobrada e a família de Aécio teve de desembolsar R$ 417 mil à vista, já reajustados, para a Cemig. O pagamento foi feito somente no dia 26 de julho, quando a Folha começou a apurar esses fatos.

Aécio disse via assessoria de imprensa que não reconhece a cobrança, mas a efetuou mesmo assim para evitar “uso político” da questão.

Ele também afirmou que “o procedimento realizado na linha de distribuição “atendeu ao planejamento da empresa, não tendo sido solicitado pelos proprietários nem tendo sido os mesmos comunicados previamente sobre a realização do serviço”.

Djalma de Morais afirmou que “a linha de distribuição foi parte de um amplo conjunto de obras para o fortalecimento do sistema elétrico da região”.

Relembre o caso do aeroporto de Cláudio aqui.

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