O grave risco que nos acomete

por Elias Khalil Jabbour*

Estão aludindo a história que se repete duas vezes, como tragédia e farsa. Pela segunda vez o TCU rejeitou as contas de um presidente. Sugestivamente, o primeiro foi Getúlio Vargas. O que repete não é a história e sim o seu ciclo típico da grande luta política em diferentes áreas da periferia do capitalismo. Nação e desenvolvimento x entreguismo e submissão. Não se trata de maniqueísmos ou querer reduzir o debate a uma quimera histórica.

Por que Getúlio e por que Dilma? Por que não Collor e por que não FHC? Não existe fundo político neste julgamento? Ou foi algo com grande rigor “técnico”?

O TSE reabrir o processo de cassação de chapa de Dilma-Temer sem alusões aos doadores de campanha do PSDB obedece a que tipo de critério?

Por que Aécio, citado nominalmente na Operação Lava-Jato, não é chamado a depor? Existe ou não um golpe em marcha em nosso país? Ou tudo obedece a critérios técnicos? A situação é grave.

O risco é o país sair dessa com uma maioria política ultraconservadora formada pronta para reverter simplesmente tudo o que se conquistou desde a Constituição de 1988. Eles vão conseguir isso se não nos dermos conta do limite a que chegamos e a que estamos expostos.

Não há mais espaço para fragmentação, mil bandeiras de reivindicações. Não existe espaço para “Fora Levy” ou aventuras do tipo. Esse governo deve ser defendido, sem vacilações. É defender o defensável, sim. Quem não estuda a história do Brasil, dos nossos ciclos políticos não sabe da missa nem um décimo!

 

*Professor da UERJ e doutor em Geografia pela USP

APOIE

Seu apoio é importante para o Jornal Contratempo.

Formas de apoio:
Via Apoia-se: https://apoia.se/jornalcontratempo_apoio
Via Pix: pix@contratempo.info