Serra recebeu R$ 23 milhões em propina, diz Folha de São Paulo

GGN

Tanto se espremeu Marcelo Odebrecht e os diretores da empreiteira que as delações começaram. Mas começaram acertando o lado errado das vontades da justiça brasileira. Os executivos da Odebrecht informaram, na delação premiada da Lava Jato, que o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra, do PSDB de São Paulo e companheiro de Aécio Neves e Antônio Anastasia, que o caixa dois esteve a pleno vapor. Segundo os executivos, na campanha à Presidência da Repúbllica, em 2010, José Serra recebeu R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois. Corrigido, o valor seria de R$ 34,5 milhões, hoje.

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foram os que receberam as informações dos funcionários da empresa que tentam um acordo de delação premiada. Na reunião ocorrida na sede da Polícia Federal, em Curitiba, os executivos afirmaram que boa parte do dinheiro foi entregue no Brasil e outra parte foi paga por meio de depósitos bancários feitos em contas no exterior.

Apesar da seriedade das informações, contidas na Folha de hoje, o acordo ainda está pendente, não foi assinado, mas os executivos afirmam poder apresentar extratos bancários dos depósitos realizados fora do país que tinham o objetivo de alimentar a campanha presidencial do então candidato, José Serra.

De acordo com o TSE, demonstra a matéria da Folha, a Odebrecht doou em 2010 a quantia de R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de José Serra. Assim, o por fora foi de cerca de R$ 23 milhões.

Segundo a Folha, esta é a primeira vez “que o tucano aparece envolvido em esquemas de corrupção por potenciais colaboradores da operação que investiga desvios na Petrobras”. Os executivos pretendem, ainda, revelar que o ministro interino era tratado pelos apelidos de “Vizinho” e “Careca” em documentos da empreiteira.

O nome do tucano apareceu na lista de políticos encontrada na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, na 23ª fase da Lava Jato em fevereiro, a Operação Acarajé. A Folha apurou que os executivos relatarão que José Serra, chanceler interino, recebeu via intermediários, propinas no período em que foi governador de São Paulo, de 2007 a 2010, vinculados à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.

O trecho do Rodoanel, à época, foi orçado em US$ 3,6 bilhões.

Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, falou pela primeira vez aos procuradores da Lava Jato no dia 4 de agosto. Há mais de um ano ele está preso sem ser ouvido. A reunião foi realizada com nove procuradores e cinco advogados na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde Marcelo está preso. Na conversa, Marcelo foi “cobrado” pelos investigodores que falasse de maneira “explícita” dos atos de corrupção, “sem rodeios”, afirma a Folha. Há meses ele vinha se preparando para esta conversa.

Além dele, 30 executivos da Odebrecht deram depoimentos e, durante as oitivas, “alguns executivos chegaram a ser chamados de mentirosos pelos investigadores”, afirma a Folha. “Parte foi ordenada a fazer a ‘lição de casa’, trazendo mais informações sobre casos que interessam aos procuradores”, continua o jornal, que deve estar se referindo aos personagens que os procuradores estão caçando de forma ininterrupta, mesmo sem provas.

Diferente do ocorrido com delatados do PT, a Folha deu o outro lado, com as explicações do chanceler tucano. Aliás, a nota enviada por Serra diz o óbvio.

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