Jovem ourinhense aguarda há 3 meses encaminhamento para psiquiatra
Aline sofre de depressão desde a adolescência, e até os 21 anos fez tratamento pelo convênio da UNIMED, como dependente de seu pai, e há dois anos passou a ter que utilizar o sistema de saúde pública do município e desde então, passou a sofrer as consequências da falta de profissionais desta área em nossa cidade.
No entanto, neste ano a situação se agravou e após se tratar nos últimos meses com uma médica no Postão, que descobriu mais tarde ser uma pediatra que está fazendo especialização em psiquiatria, e que apenas se limitava a receitar o mesmo remédio que já tomava antes e que já não fazia o mesmo efeito para o tratamento, no mês de março, Aline solicitou o encaminhamento para ser atendida por um psiquiatra em outro município, já que de acordo com informações de funcionários da Saúde Mental da Prefeitura, não existe nenhum profissional na Rede, e que em breve, um psiquiatra aprovado recentemente em concurso, começará a atender.
O atendimento na UBS da COHAB
Após três meses de espera, Aline esteve no posto de saúde da COHAB, na terça-feira, 20, e solicitou o agendamento de uma consulta com um médico, já que os remédios que tomava acabaram nessa semana, a fim de pegar uma receita e também pedir o encaminhamento para passar com um psiquiatra em outra cidade, e foi agendada uma consulta para quarta-feira, 21, às 13 horas. A jovem chegou as 12h30 e aí teve início seu martírio. Para que tem depressão, o simples fato de sair de casa já é um enorme sacrifício, e aguardar durante horas para ser atendida, se torna um verdadeiro pesadelo. Pois foi justamente o que aconteceu com Aline que após esperar por três horas, sem almoço, suando frio, com queda de pressão, e passando muito mal, não aguentou esperar e foi a recepção, pedindo para que fosse marcada outra consulta com um médico mais experiente, já que durante as horas em que permaneceu no local, presenciou cenas inacreditáveis, com duas médicas jovens, provavelmente residentes (embora desmentido pelos funcionários) totalmente perdidas atendendo pacientes e após o atendimento, ficando meia hora trancadas conversando, como se discutissem o caso dos pacientes atendidos. “Eu entendo e respeito que essas médicas sejam jovens e estejam aprendendo a profissão, mas é inconcebível que não tenha nenhum médico para acompanhá-las e ajude no atendimento e diagnóstico. Assim como eu, existem outras pessoas com problemas sérios de saúde, como podem ser atendidas por profissionais sem nenhuma experiência, isso é um absurdo”, criticou.
Após desistir da consulta, Aline ainda tentou conseguir pelo menos a receita com outros médicos que estavam atendendo, no entanto, foi informada que por serem remédios antidepressivos controlados, seria necessário ter o seu prontuário, onde constam os remédios que estava tomando.
Após o desabafo, nesta quinta-feira, 22, Aline voltou a ligar na Saúde Mental, a fim de conseguir seu prontuário, para que possa pedir receita em outro médico, ocasião em que foi reiterado pela funcionária que ainda não há previsão de quando os médicos psiquiatras aprovados em concurso comecem a atender. “Bem, eu vou continuar a minha luta, e que Deus me dê forças para aguentar a esperar, pois só quem tem essa doença sabe o quanto é difícil, e quantas vezes passa por nossa cabeça acabar com esse sofrimento de uma vez por todas. Já perdi emprego e oportunidades de novos empregos, por simplesmente não conseguir ter coragem de sair de casa para a entrevista. Não desejo isso que estou vivendo pra ninguém e procuro ter forças pra lutar porque tenho um filho que depende de mim, gravei esse vídeo num momento de desespero total, pois se não conseguir ser atendida por um psiquiatra e tomar os medicamentos adequados, não sei até quando vou suportar viver assim, e quis deixar registrado, para que todos saibam que eu tentei ser atendida e resolver meu problema antes que algo pior possa acontecer comigo e achem que me entreguei e não lutei para viver”, desabafou.
De acordo com Aline, após seu desabafo no vídeo que circulou pelas redes sociais, um funcionário da prefeitura a procurou e disse que vai tentar ajudá-la a conseguir o encaminhamento, mas até o momento, sua situação continua sem solução e ela permanece sem medicamentos, essenciais para manter seu bem estar psíquico, até que consiga passar em um psiquiatra.