Novo secretário de Cultura pretende implantar projeto de arte nas escolas municipais

paulo_floresCom exclusividade, a reportagem do Contratempo entrevistou na terça-feira, 06, o futuro secretário municipal de Cultura, Paulo Flores, que nos contou sobre sua experiência profissional e os principais objetivos e ações que pretende realizar a frente da Pasta, nos próximos quatro anos, dentre os quais, se destaca a implantação do projeto “Arte na Escola”, que pretende levar a cada escola municipal, uma sala de arte. Confira a entrevista:

 

Trabalho em Tatuí

Paulo Flores ficou conhecido pelo seu trabalho no Conservatório Musical de Tatuí, onde implantou um curso específico de música brasileira na década de 90, que acabou ganhando grande notoriedade e virou referência até os dias de hoje. O secretário nos contou como foi esta experiência e sua importância. “Eu entrei no Conservatório Musical de Tatuí em 1980 e inicialmente dei aula de flauta, pois minha formação era na área erudita e no início da década de 90, o pianista Paulo Braga me chamou para criarmos um curso que no início tinha formato de jazz, mas aquilo me incomodava e falei a ele que tinha que fazer música popular brasileira e então passei a coordenar o Curso, já que o Paulo tinha muito trabalho fora e comecei a formatar o curso como música brasileira, e levei muitos professores que tinham a formação dentro do universo da música brasileira, músicos que tinha tocado com Hermeto Paschoal, e trouxeram uma outra estética da música brasileira que fugia da bossa nova. Este curso  se tornou grande referência até hoje, pois a maior parte das escolas de música, tem como base a cultura europeia e nós fizemos este curso do ponto de vista da cultura brasileira, o que é fundamental, termos sempre como referência no campo da arte e da cultura, a realidade brasileira e não buscar referências no exterior, como acontece até hoje”, ressaltou.

 

Festival de Música de Ourinhos, uma referência

Em sua entrevista ao Contratempo, Flores fez muitos elogios ao Festival de Música de Ourinhos e falou que sua participação em várias edições do evento fez com que criasse  um forte vínculo com a cidade. “Ourinhos tem um potencial maravilhoso, no campo da Cultura, em especial, o Festival de Música, do qual tive a oportunidade de participar por diversas vezes, e por conta disso, acabei conhecendo muitas pessoas ligadas a área cultural de Ourinhos e diversos músicos daqui foram estudar música em Tatuí, dentre eles, o Rodrigo Donato, que será meu secretário-adjunto”, contou.

 

Vila de Cultura

O Contratempo questionou o futuro secretário de Cultura sobre a possível continuidade do ‘Vila de Cultura’, projeto implantado pela atual gestão e que busca levar a Cultura as crianças e  jovens que vivem nos bairros mais distantes da cidade. “Ao contrário de dizer que vamos dar oportunidade para os jovens dos bairros mais distantes terem contato com a cultura, devemos afirmar que nós sim, vamos aprender e ter contato com as diversas manifestações culturais existentes nestes locais, como existia antigamente nos coretos das cidades, onde o maestro da banda, ensinava os diferentes instrumentos as crianças e jovens, e era um celeiro maravilhoso de música, mas que acabou. Eu tive a oportunidade de conhecer o projeto da Vila de Cultura juntamente com o atual secretário Cavezale, e eu achei ótimo, e a minha ideia, é dar continuidade não apenas a este projeto, assim como a todos bons projetos que foram implantados nesta gestão. A ideia desta nova gestão do prefeito Lucas é realizar algo amplo, ou seja, a Cultura faz parte, assim como a Educação e outras áreas, e o que ele pretende é implantar um conjunto de ações que abranjam todas as áreas de atuação da administração, a fim de dar mais qualidade de vida a população”.

 

Arte nas escolas

Durante a entrevista, o novo secretário de Cultura revelou a reportagem do Contratempo, qual é o principal projeto que pretende implantar em sua gestão, o ‘Arte nas Escolas’. “Esse projeto é algo que que já foi aprovado na Câmara, mas que não foi implantado efetivamente e que pretendemos por em prática, isso será a chave-mestra da nossa gestão, usando como base a estrutura que nós temos, que a escola de música, o bailado, o teatro, e através disso, levar a cada escola municipal, uma sala de arte, onde as crianças vão construir seu próprio instrumento, onde poderá ser feito música, dança. O grande problema no Brasil hoje é enfrentar sua realidade, você não tem em cada escola, uma sala de música, não tem instrumento, então, o máximo que acontece é um coral e uma batucada, então, o que nós propomos fazer é juntar o coral com a batucada, juntar materiais de sucata e começar a construir os instrumentos. Nós temos um exemplo muito peculiar um grupo musical mineiro chamado wakiti em que eles tocam só com instrumentos construídos por eles, como por exemplo, o vibrafone, que eles fazem com tubos de pvc e tocam com sandália havaiana e descobre uma nova sonoridade, pois a música como é feita, é um sistema europeu e a música não é isso. A permissividade é o melhor caminho para a criatividade poder ser colocada, pois se você impõe, deixou de ser criativo e a arte não pode ser uma repetição, ela tem que ser uma manifestação interior e espontânea”, considera.

 

Polo Regional de Cultura

Segundo Flores, o fato de Ourinhos estar distante dos principais centros culturais do estado, favorece que a cidade se torne um polo regional de Cultura, aproveitando a estrutura existente nos diversos campos. “Aqui nós temos um Centro Cultural como este, que tem música, dança, teatro, diversas manifestações, você tem crianças pequenas tocando violino, dançando, isto aqui é uma coisa maravilhosa para trabalhar, o potencial está dentro disto e temos que focar nisso e valorizar o que temos na cidade, as pessoas que temos aqui. Dentro disso, nosso objetivo é descobrir os mais diversos movimentos artísticos e culturais que possam estar acontecendo na cidade e valorizar cada um deles”, revela.

Comissão Municipal de Cultura

A reportagem do Contratempo questionou Paulo Flores se ele seria favorável a implantação da Comissão Municipal de Cultura, cujo projeto foi criado, mas que até hoje não foi votado pela Câmara e o novo secretário se mostrou totalmente favorável à ideia. “É fundamental a implantação de uma Comissão Municipal de Cultura e posteriormente a elaboração de um Plano Municipal de Cultura, para que se possa planejar os investimentos a longo prazo, acredito inclusive que isso tenha que ser estendido para outras áreas de atuação da administração, se conseguirmos junto com a sociedade local, fazer não apenas um Plano Municipal de Cultura, mas um plano de gestão, que a próxima administração tenha que dar continuidade será algo maravilhoso, que é uma utopia inclusive, para muitos lugares do mundo. Isso inclusive é algo que está dentro da minha forma de pensar e para qual vou lutar que é dar continuidade a tudo de bom que tenha sido feito por esta gestão na área cultural”.

 

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