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SAE Pública ou privada? Mais de 5 mil munícipes pedem Plebiscito

SAE Pública ou privada? Mais de 5 mil munícipes pedem Plebiscito

 

O movimento “Povo na rua em defesa da SAE” finalizou esta semana a coleta de assinaturas necessárias em abaixo assinado, para a realização de um referendo popular que garanta à maioria da população decidir se a SAE – Superintendência de Água e Esgoto de Ourinhos, será ou não concedida a iniciativa privada.

Desde que o prefeito Lucas Pocay anunciou a concessão de todos os serviços de água e esgoto da SAE – Superintendência de Água e Esgoto,  estabeleceu-se o movimento popular que questiona a necessidade da concessão. O requerimento pedindo o Plebiscito com mais de 5 mil assinaturas será protocolado na Câmara na próxima 2ª feira (15).

Os interesses na gestão desse serviço se diferem quando operacionalizados por empresas privadas que por sua natureza,  orienta-se por critérios econômico-financeiros. Nas mãos do poder público como no caso da SAE, deve prevalecer o interesse coletivo, há o temor de que os serviços fiquem mais caros e economicamente não seja vantajoso para a cidade e sua a população. Exemplos de que isso predominantemente ocorre não faltam.

Como o diabo foge da cruz

Diferente da iniciativa de debater e questionar surgida entre os cidadãos, na Câmara Municipal onde o assunto deveria ser debatido a exaustão, o grupo de vereadores da chamada bancada de apoio ao prefeito foge do assunto como o diabo foge da cruz.

Já questionados publicamente pela imprensa sobre ser a favor ou contra a concessão dos serviços da SAE, o grupo se mantém calado, ignoram e-mails, mensagens e telefonemas da reportagem. É a negação da importância do tema para a população e da obrigação do debate expondo posicionamentos e justificativas dos representantes do povo.

Patrimônio dos ourinhenses

Por outro lado, defendendo que a SAE é patrimônio da população ourinhense; e que é a sociedade quem deve decidir sobre o futuro do serviço de água e esgoto na cidade, o movimento Povo em defesa da SAE trabalhou por meses coletando assinaturas, esclarecendo o assunto em busca da mobilização popular por um plebiscito sobre a concessão.

A administração tem justificado a concessão do serviço dizendo que a autarquia não tem condições financeiras de realizar as obras necessárias para resolver o problema da falta d´água e do esgoto sem tratamento adequado na cidade. Para os organizadores do movimento e especialistas no assunto,  é possível gerir a empresa pública SAE, de forma eficiente sob a perspectiva do interesse público contrapondo as alegações do prefeito.

Os defensores da SAE pública, enumeram vários aspectos para demonstrar que a autarquia é rentável e se bem administrada pode continuar operando o serviço de forma a sanar os principais problemas da prestação de serviço da autarquia.  Como por exemplo desenvolver e executar projetos arcando com apenas  20%  dos recursos  em caso de financiamentos junto a Caixa Econômica Federal, BNDES para execução de  grandes obras com créditos públicos. De acordo com o último balanço da SAE de dezembro de 2021 a autarquia tinha 40 milhões em dinheiro líquido em caixa.

“Diferente do que tem sido falado como justificativa da futura concessão, sabemos que a SAE é lucrativa para o município, condição essa que permite à realização de investimentos que garantam a toda a população serviços de qualidade. Todos nós devemos nos unir nesse momento, e mostrar as nossas lideranças políticas que a população tem direito a ser escutada e a opinar nessa decisão que é fundamental para Ourinhos”, pontuou o professor Adolar José Raimundo integrante do movimento Povo em defesa da SAE.

O processo de licitação já foi iniciado há três meses após a Câmara autorizar o executivo a contratar uma empresa ao custo de 130 mil para revisão das minutas e elaboração do edital de concorrência.

A coleta de assinaturas do movimento em favor da SAE foi encerrada neste sábado; para que Plebiscito se realize é necessário que o pedido tenha pelo menos 5% de assinaturas dos eleitores do município que estejam com situação regular junto à justiça eleitoral.

Se o pedido for aceito com votos favoráveis de no mínimo dez vereadores, a consulta será convocada mediante decreto legislativo. “Já ultrapassamos o numero de assinaturas necessárias para proposição do Plebiscito, iremos encaminha a Câmara no dia 15 segunda-feira antes da sessão. Nesse dia vamos reunir o grupo e pessoas que apoiam a consulta popular para distribuirmos um impresso pelas ruas do centro também com carro de som chamando atenção e informando o que está em jogo”, salientou.

Conforme Adolar, o trabalho vai além da coleta de assinaturas, é preciso explicar para pessoas e a sociedade como um todo, o que está em risco, quais as diferenças e o que representa o serviço prestado por uma empresa pública e a privada. “Estamos encaminhando a questão também a entidades e órgãos da sociedade civil como a OAB, sindicatos, associações entre outras, expondo a necessidade desse debate amplo com toda comunidade buscando uma manifestação de apoio a realização do plebiscito”, defendeu Professor Adolar.

Audiências públicas e  impactos para o município

A reportagem apurou que em 2021 o Mandato Coletivo ENFRENTE representado pela vereadora Roberta Stopa, apresentou o Requerimento nº 1.729 solicitando informações sobre os estudos financeiros e sobre as condições em que se propunha fazer a entrega do patrimônio público.

Em resposta, o então Superintendente da Autarquia Inácio Barbosa Filho afirmou: “[…] não temos conhecimento sobre a existência de documento/processo em trâmite que oficialize a elaboração de estudos de viabilidade técnica e financeira pelo poder executivo relacionado à concessão dos serviços da Autarquia”.

Este ano com a publicação no Diário Oficial do processo de concessão da SAE, outro Requerimento (Nº 1.238) foi apresentado pelo Coletivo Enfrente,  solicitando informações sobre o processo de concessão notadamente dos serviços de implantação, expansão, restauração e operação do Sistema de Abastecimento de Água da Superintendência.

“Perguntamos se há estudos sobre o impacto financeiro nas despesas com pessoal no orçamento da Prefeitura Municipal, caso os servidores sejam incorporados no quadro de pessoal. Qual a justificativa para abrir concurso público para uma autarquia em processo de concessão, conforme Tomada de Preços nº 06/2022 publicada em Diário Oficial? Se há estudos sobre as condições que se propõe a fazer a entrega do serviço para empresa privada” explicou Roberta Stopa à reportagem.

Para a vereadora há muito a esclarecer indagando ainda qual será o impacto para o município, como será estabelecido o valor da concessão, com o que o município continuará contribuindo e como será remunerado de acordo com todos os investimentos feitos ao longo de décadas.

“E principalmente, se haverá audiências públicas e diálogo com a população ourinhense, ou seja, será garantida a participação popular no processo de concessão do patrimônio público? A principal questão é sobre a SAE ser uma autarquia que apresenta superávit, então por que é cogitada a sua concessão? Aguardamos a resposta do executivo”, concluiu a vereadora.

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