Professores universitários opinam sobre volta das aulas remotas ou presenciais
A situação atual de crise sanitária divide as opiniões dos profissionais ourinhenses
Juliana Neves
A pandemia do coronavírus, há quase um ano, fez com que escolas e universidades transferissem suas aulas para o modo remoto. Foi, e ainda é, uma longa adaptação de professores e alunos para com o uso de dispositivos usados em aula, no sentido de concentração, nova metodologia para ensino, entre outros fatores.
Com a chegada de 2021, a discussão e boatos são sobre à volta das aulas, se continuarão remotas ou se serão presenciais. Com isso, surgem novos questionamentos: se haverá vacinas para todos, quando que os educadores serão vacinados, se as aulas presenciais voltarão com ou sem a vacina e assim por adiante.
De acordo com Débora Alves Guariglia, professora universitária de estabelecimento educacional particular e público, a profissional está acompanhando os impactos dos retornos das aulas no mundo todo, avaliando os riscos e medidas necessárias para que seja um cenário possível de se realizar.
“Nesse ano que passamos aprendemos muito e mudamos constantemente de opinião, pois vamos utilizando das experiências dos países que estão vivendo esse processo mais cedo do que nós. Recentemente, me convenci de que esse retorno é possível. No entanto, o que precisamos julgar é se ele é acessível em nosso país. Diferente do Brasil, outros países apresentam medidas restritivas e lockdown rigorosamente fiscalizados. Além disso, a população apresenta governantes que entendem a gravidade dessa pandemia e não brincam com a vida das pessoas. Dessa forma, me pergunto quantos de nós estão respeitando o isolamento? Quantos deixaram de viajar? Quantos usam máscaras efetivamente (e não pendurada no queixo)? Quantos fazem uso rigoroso do álcool? A partir desses questionamentos podemos extrapolar para as instituições de ensino: Quantas instituições apresentam estrutura necessária para manter a limpeza dos materiais a cada uso? Quantas conseguem manter distanciamento? Em quantas escolas todos os alunos e professores têm pelo menos três máscaras? Quantas apresentam professores substitutos para que cada vez que algum professor apresentar qualquer sintoma possa faltar? Respondendo essas questões percebemos que o retorno seria possível sim, e algumas escolas, inclusive no Brasil, fizeram temporariamente esse retorno de forma exemplar, no entanto, não acredito que seja a realidade da maior parte das instituições de ensino de nosso país. Acredito que esse retorno teria que ocorrer vinculado a estrutura e capacidade de atendimento dessas medidas de segurança, o que tornaria irrisório o número de instituições aptas a retornar”, explica a professora.
Outro ponto que poderia ajudar ao retorno das aulas, ainda na visão de Débora, é se parássemos de negar a gravidade da pandemia e conseguíssemos nos comprometer em coletivo. Afinal, os que negam a situação que vivemos, a resposta para tudo para eles é algo mais fácil. “Se estou indo para o bar, para festas, para praia, por que não posso voltar para escola? Mas exatamente por essas pessoas que me preocupo com esse retorno, apesar de entender que ele não é impossível”, sintetiza Débora.
Na visão de outro professor de universidade pública, cujo terá sua identidade preservada, afirma que as aulas presenciais devem voltar quando existir comprovação científica que o grupo de pessoas assintomáticas não transmitem o vírus ou quanto toda a população esteja vacinada.
“Esta é a minha opinião, não sou especialista da área da saúde, sou um leigo avaliando a situação, mas, em resumo, sou a favor de voltar a aula presencial quando existir segurança para todos”, conclui o professor.
Já o professor Miguel Neves, também de universidade pública, é a favor das aulas presenciais desde que haja cumprimento dos protocolos e com vacina pelo menos nos professores. Afinal, segundo o professor, “é importante ressaltar que os adultos jovens são considerados o maior vetor de transmissão atualmente. Festas, churrascos e aglomerações justamente promovidos por esse público. É uma falta de responsabilidade começar as atividades presenciais sem vacina”.
Por fim, Carlos Alberto Pereira dos Santos, professor de universidade pública, assegura que “sou favorável pela volta presencial, apesar de ser considerado de risco por ser idoso, é o que dizem. Tomando-se os cuidados de praxe não vejo problema na volta das aulas presenciais, afinal aglomeração em ônibus e metrô em São Paulo é permitido e não reclamam”.