Manifestantes em prol da Dra. Valeska lotam Câmara
A noite de segunda-feira, 02, foi atípica na sessão da Câmara Municipal de Ourinhos. Normalmente com plenário vazio, ontem faltou assentos pra todos presentes, e como sempre acontece nessas ocasiões, vereadores que normalmente não se manifestam, fizeram questão de usar o direito da palavra, a fim de ” jogar” pra torcida, além de agradar o ” chefe “.
De um lado manifestantes pediam a volta da Dra. Valeska Abud à UPA, além da abertura de uma CPI da UPA, a fim de averiguar se houve possíveis mortes por negligência no atendimento de pacientes que vieram a óbito nos últimos meses na UPA. Do outro, dezenas de cargos de confiança do prefeito Lucas Pocay , que sempre são ” convocados” a comparecer à Câmara quando é tratado algum assunto delicado ou de interesse da administração municipal.
O que se viu durante toda a sessão da Câmara foram discursos inflamados de vereadores da situação, dentre os quais Eder Mota, considerado o maior defensor do prefeito Lucas Pocay na Câmara, que usou a tribuna pra dizer que nunca se investiu tanto na Saúde como nessa gestão e que o caso do diretor da UPA Jan Chryslen Silva da Costa já foi resolvido pela gestora Pró Vida, que atendeu solicitação da prefeitura e o afastou do cargo, e abriu investigação para apurar sua conduta.
O vereador da oposição Vadinho por sua vez insistiu no pedido de abertura da CPI, e ressaltou a gravidade do áudio vazado em que o diretor da UPA recomendava a internação apenas de “quem fosse morrer”, pois segundo ele, isso revela uma forma usual de procedimento na UPA e que seguia ordens superiores para atuar dessa forma, fato que segundo Vadinho, pode ter causado indiretamente a morte de 13 pacientes nos últimos meses na UPA, no entanto, até o momento apenas 3 assinaturas para abertura da CPI das 5 necessárias foram feitas, o que inviabiliza sua aprovação pelo plenário.
Dra Valeska esteve presente
Em entrevista ao Contratempo, dra. Valeska que também compareceu à sessão da Câmara ao lado dos manifestantes que pediam sua volta à UPA, afirmou que não foi informada sobre o motivo de sua demissão e desmentiu a informação que foi demitida anteriormente da Santa Casa e AME. ” Eu saí do AME porque pra mim não valia a pena e só sai da Santa Casa pra ir pra UPA, não fui demitida. Resolvi divulgar esse áudio só agora, pois após minha demissão sofri uma série de constrangimento de médicos e do próprio diretor, que diziam que eu não tinha capacidade. Tenho mais tempo de Medicina que o Sr. Jan tem de idade, portanto não admito que tentem desqualificar uma carreira de 27 anos “, ressaltou.
Dra Valeska também revelou sua tristeza com a situação atual da saúde de Ourinhos. ” Eu fico muito triste porque tudo que eu queria ver era os pacientes serem bem atendidos e tendo vagas para internação em leitos da Santa Casa, sem ter que esperar as vezes vários dias na UPA até conseguir a transferência”, lamentou.
A médica revelou ainda que após a entrada da organização social Pró Vida como gestora da UPA, muita coisa mudou na Unidade de Pronto Atendimento e que as dificuldades de um atendimento adequado aos pacientes aumentaram. ” Eu sempre fiz questão de atender bem meus pacientes e solicitar exames pra melhor diagnóstico quando necessário, e em alguns casos, a transferência para a Santa Casa. A UPA é uma Unidade de Pronto Atendimento e não um local para internação. Quando comecei a trabalhar na UPA a gente conseguia com maior facilidade a transferência para a Santa Casa, mas depois que a nova gestora entrou, passamos a ter muitas dificuldades para conseguir essas vagas para internação na Santa Casa e então começamos a ter que deixar pacientes internados e medicados na UPA até conseguir vaga e eu acho que aí é que está o erro “, avaliou.