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𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐒𝐞𝐫𝐠𝐢𝐨 𝐅𝐥𝐞𝐮𝐫𝐲 𝐌𝐨𝐫𝐚𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐥 𝐃𝐞𝐛𝐚𝐭𝐞 𝐦𝐨𝐫𝐫𝐞 𝐯í𝐭𝐢𝐦𝐚 𝐝𝐞 𝐜â𝐧𝐜𝐞𝐫 𝐚𝐨𝐬 𝟔𝟒 𝐚𝐧𝐨𝐬

𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐒𝐞𝐫𝐠𝐢𝐨 𝐅𝐥𝐞𝐮𝐫𝐲 𝐌𝐨𝐫𝐚𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐥 𝐃𝐞𝐛𝐚𝐭𝐞 𝐦𝐨𝐫𝐫𝐞 𝐯í𝐭𝐢𝐦𝐚 𝐝𝐞 𝐜â𝐧𝐜𝐞𝐫 𝐚𝐨𝐬 𝟔𝟒 𝐚𝐧𝐨𝐬

Fleury fundou o Jornal Debate e dedicou a vida à profissão, pela qual era terminantemente apaixonado

Faleceu na manhã desta 3ª feira (22) Sergio Fleury Moraes editor e jornalista responsável   e fundador do “Jornal Debate” de Santa Cruz do Rio Pardo.  Serginho  como era conhecido tinha 65 anos e estava internado no Hospital Amaral Carvalho em Jaú, ele tinha câncer de pulmão e não resistiu ao avanço da doença.

A cidade de Santa Cruz e demais munícipios da região perdem um dos mais conceituados jornalistas que por décadas esteve a frente de um dos mais importantes veículos de imprensa do interior paulista.

O Jornal “ Debate”  sempre foi pioneiro no exercício do jornalismo profissional de Santa Cruz do Rio Pardo e região. É verdade que o jornal revolucionou a imprensa a nível micro e macrorregional. Seu projeto ousado e original foi o que lhe garantiu a independência ao longo de mais de 40 anos.

O semanário foi sucessor de um pequeno jornal estudantil que circulou no início da década de 1970 — “O Furinho” —, fundado por Sérgio aos 13 anos de idade. “O Furinho” era mimeografado e vendido de casa em casa pelas ruas da cidade, além de distribuído em escolas.

Fundado oficialmente em 1977, o Debate”  combateu o regime militar nos seus primeiros anos de vida e chegou a ser fichado, em 1979, no Ciex (Centro de Informações do Exército) como integrante da chamada “imprensa alternativa”, que resistia ao regime de exceção.

O Tiro de Guerra de Santa Cruz do Rio Pardo chegou a receber documentos oficiais do Exército solicitando várias informações sobre o pequeno semanário que incomodava o regime militar no interior paulista e fazia críticas ao governo municipal, sob domínio da Arena, partido de sustentação dos militares.

A partir de 1979, o Debate teve entre seus colaboradores alguns expoentes da política brasileira, como Fernando Henrique Cardoso, Fernando Morais, Flávio Bierrenbach, José Aparecido e outros.

Em 1979, o então sociólogo Fernando Henrique — que foi colaborador do jornal durante 10 anos — foi palestrante em Santa Cruz num evento promovido pelo Debate. Naquela ocasião, o então suplente do senador Franco Montoro foi lançado como futuro candidato à presidência da República, fato que se consolidaria nos anos 90, quando FHC deixou de assinar coluna no jornal.

Quando a ditadura ameaçou jogar bombas em bancas de jornais que vendiam jornais da imprensa alternativa, o Debate participou, na Assembleia Legislativa de São Paulo, de reuniões do “Comitê pela Liberdade de Imprensa” para discutir a nova ameaça. Integravam o comitê, entre outros, jornais como “Pasquim”, “Versus”, “Movimento”.

O jornal sobreviveu ao regime militar, se engajou na campanha das “diretas já” e se consolidou com o advento da democracia. Resistiu à concorrência de publicações financiadas por partidos políticos e grupos econômicos e, a partir de 1996, circulou durante um período como o único jornal de Santa Cruz do Rio Pardo.

DEBATE foi pioneiro na adoção de cores em suas páginas e no lançamento de suplementos especiais. Se em 1978 o jornal já ousava lançar um suplemento cultural, na década seguinte houve vários lançamentos, como o “Debate Rural” e suplementos infantis. Em 1995 surgiu o Caderno D, um suplemento destinado a difundir a cultura e o lazer na cidade e região.

O primeiro site do jornal chegou à internet em 2000, quando o Debate fez uma parceria com o UOL.

Com um jornalismo historicamente reconhecido, o Debate ganhou repercussão nacional entre o fim dos anos 1990 e a primeira década dos anos 2000, quando o diretor Sérgio Fleury Moraes chegou a ir ao programa de Jô Soares para falar sobre polêmicas envolvendo seu veículo de comunicação.

 

Foi também em Santa Cruz do Rio Pardo que aconteceu o pontapé inicial para que a antiga Lei de Imprensa, herança da ditadura militar, fosse revogada. O fato aconteceu em 2009, e o convidado de honra para entregar o prêmio “Liberdade de Imprensa” em Brasília foi ninguém menos do que o próprio diretor do Debate.

Fonte: Debate

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