×

O caso dos grafites apagados e o batalhão de policiais

O caso dos grafites apagados e o batalhão de policiais

 

A competição valendo para a primeira etapa do circuito Paulista de Skate Street 2023, realizada na Praça do Skatistas em Ourinhos válido para o ranking Paulista da modalidade no ultimo domingo foi cercada de fatos lamentáveis.

Fatos esses que ganharam as redes sociais indignando muita gente que julgou absurdo o evento ter virado caso de policia. Conforme relatos, o pomo da discórdia foi à nova pintura da pista realizada dias antes da competição.

A nova pintura  apagou diversos grafites que ilustravam a pista desenhados por vários grafiteiros desde que a pista foi construída, a arte está culturalmente ligada ao esporte praticado pelos jovens que frequentam a praça e atletas da modalidade.

Revoltados com a mudança do visual da pista um grupo de skatistas e artistas do grafite se mobilizaram para um protesto que tomou forma com um grafite pintado novamente como forma de repúdio a supressão de toda a arte que decorava o local.

A grafitagem realizada de surpresa  no dia do evento gerou controvérsia entre o grupo considerado histórico de frequentadores da praça e que protestava, e o grupo que organizou e participava da competição que vale pontuação para as finais brasileiras. Segundo os  competidores  a nova pintura foi uma exigência da Federação Paulista de Skate promotora da competição, a pista deveria estar livre de qualquer desenho, dentro dos padrões oficiais.

A PM e a Guarda Municipal foram acionados e vários jovens foram parar na delegacia onde foi registrado um boletim de ocorrência posteriormente liberados, no plantão policial os garotos alegaram que sempre praticaram o grafite na praça sem necessidade de autorização da prefeitura ou de qualquer outro órgão como a Secretaria de Cultura.

A presença de várias viaturas e policiais no local repleto de crianças deixou muita gente assustada e foi considerada desmedida e exagerada, como num comentário de uma munícipe que disse: “Acho que é possível conversar sobre isso sem mandar um batalhão de polícia! Isso diz muito. É possível abordar de maneiras muito distintas e cada uma delas representa o que se deseja comunicar. É violento demais tbm para as crianças e para os artistas serem abordados pela polícia. Mesmo que tenham infringindo as regras (eu não conheço as leis municipais com propriedade para falar) é possível ir algum funcionário conversar. Não é um ato que afeta a segurança pública para ir um batalhão de polícia… isso estigmatiza a imagem dos meninos de forma violenta e desnecessária”.

Segundo grafiteiro ouvido pelo Contratempo, a policia teria sido supostamente acionada pelo Secretario Municipal do Meio Ambiente Maurício Amorosini que esteve no local, sob a alegação de que estariam “pichando” a praça, demonstrando desconhecimento e não sabendo diferenciar arte do grafite da mera pichação.

Ainda conforme o artista, o poder público municipal nunca buscou apoiar o movimento grafiteiro e também do Hip Hop intimamente ligados. Quando realizam alguma atividade relativa ao setor, apenas fornecem material e lanche, não valorizando o trabalho com pagamento de cachê. O ato em si da grafitagem teria sido um ato de resistência, buscando reconhecimento e respeito.

O que disse o Secretário de Cultura

A reportagem do Contratempo procurou o secretario de Cultura Vinicius Costa que esclareceu que a competição não foi promovida pela prefeitura, mas teve o apoio da Secretaria de Esporte e, a princípio a Secretaria de Cultura apenas tinha a informação de que ia acontecer um campeonato de skate da federação paulista.

Fui informado que o próprio pessoal que promoveu o evento e pintou sobre que tinha lá. A nova pintura foi bancada com dinheiro das inscrições, eles compraram as tintas e pintaram onde tinha desenhos   grafites ou alguma pichação na pista. Me informaram que pintura foi necessária para que a pista a estivesse conforme exige a Federação, por mais que seja o skate seja um esporte que combine com a cultura do grafite, street ,  a pista teria que ser limpa sem pintura”, explicou.

Sobre a desavença entre o pessoal que promoveu o campeonato com o pessoal que fez o grafite, o secretário disse que dentro dessa situação é  preciso autorização e o consenso do poder público para poder fazer alguma arte ou intervenção no espaço público.

Não tinha autorização para grafitar a pista  inclusive o pessoal que promoveu o evento até me falou seria muito legal se durante o evento a galera do grafite pudesse estar fazendo uma arte lá só que não foi conversado. Então o que eu vejo que faltou diálogo e  parceria entre as partes, o grupo que promoveu o evento e  o pessoal que foi lá na protestar”.

Sobre as críticas à falta de apoio do poder publico para manifestações artísticas dos grafiteiros, Vinicius disse que a Secretaria de Cultura é muito a favor. “Sempre apoiamos, inclusive temos projetos como o a Arte Urbana que é do governo do Estado que foi feita ali centro do centro de convivência e no Pontilhão. São projetos em parceria com artistas do grafite de Ourinhos como o Conrado Zanotto que apresentou um projeto que foi todo conversado e dialogado com a gente antes, então têm todo um processo a ser seguido”, concluiu.

Imagens: Redes sociais

You May Have Missed